
Uma das minhas metas para 2020 é encarar novos desafios do mundo literário. Eu achava que não existia mais o que explorar, dado o meu gosto eclético por livros, mas me dei conta de que o limite está, na realidade, mais distante do que pensei.
O livro de hoje se chama Nimona, da cartunista norte-americana Noelle Stevenson. Apesar de não ter sido uma experiência cinco estrelas, a leitura definitivamente me marcou por ter aberto a minha mente – e o meu coração – para os quadrinhos.

Seguimos ao longo da HQ a história de Nimona, uma metamorfa com o sonho de se aliar ao Lorde Ballister Coração-Negro, famoso vilão com vastos conhecimentos científicos. Após descobrirem que as intenções da Instituição não são tão boas assim, a dupla bola um plano para evitar que consequências graves atinjam o reino. Para isso, eles precisam enfrentar as autoridades e o herói Sir Ambrosius Ouropelvis, com quem Coração-Negro mantém uma antiga rivalidade.
Acredito que, quando se trata de quadrinhos, o visual é a primeira coisa que nos chama a atenção. O traço de Stevenson me agradou bastante, pois não segue uma linha muito “quadrada”. São as cores, no entanto, que dão o toque final ao livro. Senti que a ilustradora usou tons predominantemente terrosos, o que permitiu que cores mais vibrantes, como o verde das explosões, se destacassem nas horas certas.

A trama, por sua vez, é simples. Cai um pouco na fórmula pronta das histórias com heróis e vilões, em que os membros da segunda categoria são motivados por um passado marcado por traumas, rejeições e decepções.

O mais interessante está no jogo de pingue-pongue entre Bem e Mal que Stevenson explora, e como as coisas são mais complicadas do que imaginamos. A HQ levanta perguntas bastante pertinentes: o que faz uma pessoa má ser má? Ela não pode ter momentos de bondade, dependendo da situação em que se encontra? Afinal, quais são os critérios de classificação para um ato bom e um ato ruim?

No geral, o livro entrega o que promete: uma leitura leve e divertida, por vezes até emocionante. Também acho que certos elementos da história, como o passado de Nimona, foram superficialmente explorados e podem valer um segundo volume. Será que sai? Fico na torcida!
