On Earth We’re Briefly Gorgeous: um livro para amar e odiar ao mesmo tempo

Divido atualmente minhas leituras mais recentes entre antes e depois de On Earth We’re Briefly Gorgeous (Sobre a Terra Somos Belos Por Um Instante, em português). Desde que terminei o livro, venho pensando muito sobre o que espremer de uma história que, preciso reconhecer, me tocou tanto.

Ocean Young desponta no mercado editorial como um dos nomes mais promissores da poesia norte-americana, e entendo o porquê. Tão bela quanto o título do seu romance de estreia, a escrita do autor nos conquista pela sensibilidade ao mesmo tempo que cutuca uma ferida até então desconhecida.

On Earth We’re Briefly Gorgeous é um livro encantador, porém difícil de digerir por tratar das falhas humanas.

Ele nos lembra do que sabemos nas entrelinhas: somos frágeis e passageiros, sucumbimos fácil às tentações e dores.

Por outro lado, o livro coloca a grandiosidade do ser humano pensante e emotivo em foco, sua ambição de querer deixar uma marca, por mais pequena e ínfima que seja, dentro da História.

O livro é praticamente um relato autobiográfico. Lendo ele, senti que boa parte da personalidade de Young era apresentada a mim em camadas. O lado A, depois o lado B. O bom e o ruim. O belo e o feio.

Essas contradições são representadas no relacionamento do personagem principal (conhecido apenas pelo apelido de Little Dog) com a mãe, Trevor (o garoto por quem se apaixona) e consigo mesmo.

Todas as relações têm essa mistura de amor e ódio que respinga no leitor.

Odiamos a mãe por ser tão dura com seu filho. Odiamos Trevor pela maneira como trata seu melhor amigo e amante. E odiamos esse mesmo filho, amigo e amante por se contentar com o pouco que recebe, como se esperasse nada além de migalhas.

Aos poucos, vamos entendendo que a rigidez da mãe reflete uma vida manchada pela guerra, protagonizada por saídas forçadas e um sentimento de desconexão entre a terra natal e a nova terra; que a postura de Trevor vem de conflitos pessoais enraizados; e que Little Dog está confuso com suas próprias questões, dividido entre dois mundos (Vietnã e Estados Unidos) opostos e em constante embate, mas que, juntos, representam toda a sua identidade.

Volto a destacar a contradição do livro. O lado A e o lado B. Em On Earth We’re Briefly Gorgeous, as coisas que odiamos acabam virando detalhes que aprendemos a amar.

Publicado por Diana Cheng

Jornalista, 25 anos. Adora passar horas perdida na narrativa de um bom livro. Além de ler, também se arrisca em escrever textos aleatórios.

4 comentários em “On Earth We’re Briefly Gorgeous: um livro para amar e odiar ao mesmo tempo

  1. Ele está no Unlimited, né? Coloquei ele ontem pra eu ler assim que concluir minha leitura atual do Kindle, e acabei vendo sua resenha por aqui, que me deixou ainda mais curiosa pela leitura. Fui atraída pelo título, e também porque estou buscando autores asiáticos, de preferência no Unlimited…
    Bela resenha!

    Curtido por 1 pessoa

    1. Obrigada, Isa! Aproveite o livro. Espero que gostei mais do que eu. Também estou buscando mais autores asiáticos para ler, até para aproveitar que tem a maratona em maio. Estou aceitando sugestões, adoro seu gosto literário!

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